The thoughts of Gusty

I write. I write because it gives me that little tingle in my temples... It allows me to rest my mind and move away from dark places... It has the same effect, more or less, of a scream... Screaming is, rather, a noisy irrational and more powerful way of writing... Sometimes writing will make me embrace sollitude more extensively... It allows me to bask in a state of quiet desolation in a more calm and copious manner... I write...

Wednesday, September 29, 2010

Pensamentos de um português intelectualmente frustrado


Há dois tipos de patriota, e odeiam-se mutuamente...
Um deles prostra-se frente uma bandeira e ali fica com um brilho cego nos olhos, desconhecendo qualquer outra verdade, ignorando o estado de conservação da dita bandeira...
O outro tira a bandeira da haste, para entre gritos e zombaria tentar limpa-la com as mãos, sozinho se for preciso...
Uma bandeira merece os calos nos meus joelhos? Merece as minhas mãos feitas em carne de tanto esfregar?
Não sei... mas sei que os Portugueses foram gloriosos por terem abandonado Portugal, por serem cidadãos mundo fora e por terem dado novos mundos ao mundo... Será que para o Bom Português, o mais ilustre sangue lusitano, aventureiro e corajoso, o que navegou mares nunca antes navegados, Pátria não passa de um distante motivo de Saudade? Se saudade é uma palavra somente portuguesa... Aquele que abandona a pátria é bom ou mau Português??
Haverá 3 tipos de patriotas?
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“My country is the world, and my religion is to do good.”
Thomas Paine

Tuesday, September 28, 2010

Eu sou caloiro... e a minha existência por si só é uma afronta a Deus e aos anjinhos. O Senhor quando me criou, foi como que para demonstrar uma síntese de tudo o que não gostaria de ver na sua criação. O caloiro, na sua irritante teimosia em existir, é como uma caixa de Pandora em formato vivo (com a diferença que nem Pandora nem ninguém, por mais curioso que fosse, gostaria sequer de tocar num caloiro com um pau, quanto mais abri-lo)


Eu sou caloiro.Sou acéfalo, esponjoso e feio. Arrasto-me pateticamente pelos belos corredores do ISCSP, onde os humanos, com a sua infinita humanidade, toleram relutantemente a minha presença, pedindo apenas que fique calado e que não os olhe com os meus mal-feitos e estúpidos olhos de caloiro... e na minha opinião já toleram muito... Mas por outro lado, eu sou caloiro, e a minha opinião é nada mais que um zurro sem melodia...


Eu sou caloiro. O meu cheiro é afrontoso, a minha postura é a de uma lesma idosa, e o meu cérebro é um pântano de estupidez com apenas dois neurónios. Os meus dois neurónios servem, apenas e exclusivamente, para agarrar as minhas longas e ridículas orelhas de caloiro, para que estas não me caiam. Eu não penso, e logo também não falo; E ainda bem, porque se pensasse ou falasse só sairia merda, e mereceria levar um enxerto de porrada, ou ser obrigado a encher até morrer, ou posto á frente de um carro (nada que eu não mereça já, portanto...). Considero-me já muito sortudo pelo meu amórfico e pouco atraente corpo não ser esmagado como um verme pelo peso da minha caloirice e asquerosa condição.


Eu sou caloiro. Sou um reles e miserável bicho que se revelou desde logo enfuriantemente inútil como besta de carga ou como meio de locomoção. Nem para o talho sirvo porque ninguém no seu perfeito juízo comer-me-ia... A única contribuição que eu posso dar ao mundo é servir como escravo dos meus doutores, ser achincalhado e vituperiado pelos mesmos, ser tratado abaixo de cu-de-cobra em nome da sua diversão. Para mim, andar na magnífica sombra de um doutor é por si só a maior glória que eu podia ambicionar.


Eu sou caloiro. O único ser que merece mais desprezo q eu é, também ele, um caloiro. Eu posso vir a morrer de torpeza e fealdade apenas, pois sou muito fraco, e não aguento ser assim tão torpe e feio como sou. A minha capacidade académica é uma cruel piada. A minha higiene pessoal é uma improvável fantasia. Os meus modos à mesa são de fugir...Será que alguma vez vou ser mais que um execrável caloiro? No meio deste pensamento, fumo sai-me pela escalpe, sangue pelo nariz, e uma das minhas orelhas cai com o esforço...


Eu sou caloiro. Vários cientistas (entre eles Darwin, Freud e Einstein) tentaram estudar o caloiro. Como evoluiu esta triste espécie? Se não pensa nem sente, o que é que há naquele pantanal acefalino? Como e que um ser com tão fraco corpo e mente pode sequer existir? Todos os seus estudos foram inconclusivos, pois não obstante as suas brilhantes mentes científicas, nenhum deles conseguiu se submeter ao calvário de dar assim tanta atenção a tão insuportável criatura como é o caloiro
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Eu sou doutor, e vocês, caloiros, estão todos fodidos...