O amor é como um tango. É uma dança altamente erótica, dificílima de dançar…
Uma dança repleta de suspiros, respirações ofegantes, corações em desassossego e suores que escorrem languidamente pelos corpos trementes; Toques suavíssimos com mãos sedentas de afecto, que não deixam de transparecer a sua sede. O resultado? Movimentos bruscos. E que bela brusquidão! Tão repentina e inesperada, mais bela que qualquer obra de arte. O amor é o êxtase por trás do movimento abstracto, por mais ínfimo que seja. O amor é a aura por trás da mais simples carícia. Uma carícia, um desviar de olhos, um beijo… são passos de dança…
O amor é como um tango. É uma dança imprevisível, mas dançada sempre ao som doce das cordas, também elas tremendo com os movimentos bruscos ou suaves das varetas que nelas dançam. O amor é aquela dança que exige uma música lamentante, mas jamais taciturna. Aquela dualidade emotiva de notas longas e notas curtas. Aquele balanço minucioso entre passos previamente combinados entre duas pessoas, e manifestações primais de pura e desinibida emoção! Sem a paixão ardente o amor é uma dança mecânica e plástica. Sem sensibilidade e coordenação, é um poço de fogosos azares, onde alguém faz o outro tropeçar… e todos caem; todos se queimam. Todos ardem…
O amor é como um tango. As ancas coladas, os ombros numa posição irreal, os olhos eternamente se encarando e os lábios quase se tocando, mas sempre fugindo da tentação, com medo… Uma dança de sensualidade provocante e uma frustração para os fracos dos dois pés direitos. Uma dança considerada “de bordel” em épocas mais “virtuosas”….
O amor é como um tango. Uma dança semi-obscura que todos querem tentar dançar. Alguns pisam aqueles com quem dançam. Alguns não sentem o aperto ou separação dos corpos com a devida intensidade. Alguns cansam-se de dançar, acham uma perda de tempo e procuram danças mais simples para se entreterem, sozinhos ou não, até a lua se aposentar. Mas, sem duvida, a lua incide mais luminosa sobre os que dançam melhor o amor, e aqueles que o fazem, quer se venham a cansar e a tombar suados e exaustos sobre o chão lado a lado ou não, terão sempre as melhores e mais bem iluminadas memorias. As ancas coladas, os ombros numa posição irreal, os lábios sempre fugindo da tentação e os olhos nos olhos, quiçá com um brilho maior que os dos outros…
1 Comments:
queres um exercício de óptica melhor dos que fizemos outro dia?
tenta ler este texto e quando chegares ao fim está tudo às bolinhas e linhas!!
raios.
**Se
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