The thoughts of Gusty

I write. I write because it gives me that little tingle in my temples... It allows me to rest my mind and move away from dark places... It has the same effect, more or less, of a scream... Screaming is, rather, a noisy irrational and more powerful way of writing... Sometimes writing will make me embrace sollitude more extensively... It allows me to bask in a state of quiet desolation in a more calm and copious manner... I write...

Monday, May 17, 2010

O amor é como um tango. É uma dança altamente erótica, dificílima de dançar…
Uma dança repleta de suspiros, respirações ofegantes, corações em desassossego e suores que escorrem languidamente pelos corpos trementes; Toques suavíssimos com mãos sedentas de afecto, que não deixam de transparecer a sua sede. O resultado? Movimentos bruscos. E que bela brusquidão! Tão repentina e inesperada, mais bela que qualquer obra de arte. O amor é o êxtase por trás do movimento abstracto, por mais ínfimo que seja. O amor é a aura por trás da mais simples carícia. Uma carícia, um desviar de olhos, um beijo… são passos de dança…
O amor é como um tango. É uma dança imprevisível, mas dançada sempre ao som doce das cordas, também elas tremendo com os movimentos bruscos ou suaves das varetas que nelas dançam. O amor é aquela dança que exige uma música lamentante, mas jamais taciturna. Aquela dualidade emotiva de notas longas e notas curtas. Aquele balanço minucioso entre passos previamente combinados entre duas pessoas, e manifestações primais de pura e desinibida emoção! Sem a paixão ardente o amor é uma dança mecânica e plástica. Sem sensibilidade e coordenação, é um poço de fogosos azares, onde alguém faz o outro tropeçar… e todos caem; todos se queimam. Todos ardem…
O amor é como um tango. As ancas coladas, os ombros numa posição irreal, os olhos eternamente se encarando e os lábios quase se tocando, mas sempre fugindo da tentação, com medo… Uma dança de sensualidade provocante e uma frustração para os fracos dos dois pés direitos. Uma dança considerada “de bordel” em épocas mais “virtuosas”….
O amor é como um tango. Uma dança semi-obscura que todos querem tentar dançar. Alguns pisam aqueles com quem dançam. Alguns não sentem o aperto ou separação dos corpos com a devida intensidade. Alguns cansam-se de dançar, acham uma perda de tempo e procuram danças mais simples para se entreterem, sozinhos ou não, até a lua se aposentar. Mas, sem duvida, a lua incide mais luminosa sobre os que dançam melhor o amor, e aqueles que o fazem, quer se venham a cansar e a tombar suados e exaustos sobre o chão lado a lado ou não, terão sempre as melhores e mais bem iluminadas memorias. As ancas coladas, os ombros numa posição irreal, os lábios sempre fugindo da tentação e os olhos nos olhos, quiçá com um brilho maior que os dos outros…