The thoughts of Gusty

I write. I write because it gives me that little tingle in my temples... It allows me to rest my mind and move away from dark places... It has the same effect, more or less, of a scream... Screaming is, rather, a noisy irrational and more powerful way of writing... Sometimes writing will make me embrace sollitude more extensively... It allows me to bask in a state of quiet desolation in a more calm and copious manner... I write...

Monday, September 17, 2007

"Tu és o consolo para os meus pulmões respirarem,

a unica esperança para os meus olhos abrirem,

produzes a melodia longínqua que me tira da solidão e me põe de novo à escuta.

És a teoria e verdade absoluta que a minha alma defende,

em que o meu cerebro pensa e os meus braços protejem."



Encontrei isto num velho caderno meu onde costumava desenhar e escrever pensamentos obscuros ou tortuosos na minha pré-adolescencia, que foi um óptima exemplo de uma próspera e bem-sucedida "idade do Armário". E sobre ela sei pouco mais. Apenas que me achava crescido e pronto para tudo o que o mundo me atira-se ao toutiço, era dred e tinha companhias pouco aconselhaveis, era gordo e com um ar de puto ainda mais "putesco" que me tornava muito pouco atraente, e que em geral era mesmo mas mesmo muito menos feliz do que sou agora.

Corre o ano de 2007, o verão acabou recentemente. Com 16 aninhos um corpo muito mais escultural, uma cabeça muito mais aberta e epicurista, e uma selectividade nas companhias rigorosa e saudavel vou vivendo aquele que até agora foi o melhor e mais repleto de sensações e experiencias de todos os anos da minha vida. O "sweet-sixteen" não é um mito apenas, meus amigos.

Acredito, hoje em dia, que o meu maior tesouro é e sempre será a soma das minhas sabedorias e experiencias, a partir das quais consigo construir na cabeça uma vida que levava com muito gosto. Já sei trabalhar, já sei como me divertir imenso sem me matar, e já sei que o segredo para fazer coisas chatas é arranjando maneira de me divertir com elas. Sim, se não soubesse que isto são verdades distorcidas nas quais gostava de acreditar apenas, diria tambem que me acho crescido e pronto para tudo o que o mundo me atira-se ao toutiço.

Depois, um momento de nostalgia. Encontrei um velho caderno com desenhos perturbantes e textos depressivos. Prontamente fiquei muito contente comigo próprio por ter deixado que o juizo e as hormonas unissem forças para me por na linha e me tirassem daquela vida tão pouco saudável. Mas depois, entre os vestigios da minha "maradice", encontrei o excerto acima apresentado e fiquei muito comovido.

Não me lembro quando escrevi isto, nem que idade tinha, ou se estava feliz ou infeliz, ou a quem dirigi estas palavras tão fofas. Nem sei, pensando bem, se me estava a dirigir-me a alguem em particular. Mas a razão pela qual fiquei tão comovido foi a linha de pensamento em que eu entrei, logo após um breve traço psicológico de quem se tratava (eu, na "pobre-idade"). Que se este estaferminho basofe e desnaturado escreveu palavras tão sentidas, quer fosse uma dedicatória a alguem ou apenas uma manifestação do amor que podia e queria dar sem saber a quem, Tambem eu devo ter enterrado aqui para o meio tamanhas lamechices sem se manifestarem.

O excerto tambem me fez pensar noutra coisa: que apesar de não me lembrar e de achar que há pouco em comum entre nós, consigo ver esta criança como eu noutro tempo. Mais infeliz, bem sei, e muito menos sábio. Mas impulsivo, curioso e com alguma poesia pairando-lhe na alma. Raio do puto!!

E aqui estou eu! Corre o ano de 2007 e tenho 16 aninhos. Estou prestes a começar um ano novo numa escola nova em que todos me disseram que ia me espetar ao comprido e me lixar com um F maiusculo. E não quero isso! Prefiro a vida extremamente cansativa mas pouco stressante que levei ate agora; a vida que eu sei viver. E, quem sabe se daqui a uns anos, um Gusty mai´velho não vai ler isto com a mesma distante memória do que eu tenho do pequeno Gusty da pobre-idade. Portanto, ó tu, isto é para ti...



Se eu sei que tu sabes que eu sou ignorante e que nada sei então sei tanto e sou tão sábio como tu!! Barda-xanxa!!!



Gusty